quinta-feira, 22 de março de 2012

Meus pais estão no Facebook, e agora?

Stephanie Kohn

Uma pesquisa realizada pelaComScore em dezembro de 2011 afirma que, no último ano, houve um aumento de 80% na taxa de acesso àsredes sociais por pessoas com 55 anos ou mais. Isso significa que, hoje, existem muito mais pais nas redes sociais do que no início desta moda.

Com a entrada deste público houve também uma ligeira mudança de comportamento dos filhos, especialmente entre os adolescentes. O jovem Rian Ávila Pereira, de 13 anos, diz estar mais atento aos seus posts depois que a mãe passou a utilizar a rede. “Eu fico com medo dela pegar no meu pé por causa de uma foto ou zoação”, comenta.

Nos últimos meses, Rian diz ter parado de postar certas mensagens ou fotos porque já viu muitos casos em que os pais de seus amigos levaram as brincadeiras da rede para a vida real. Ele mesmo passou por uma situação semelhante: sua mãe fez um comentário sobre uma de suas fotos que o deixou bastante envergonhado. "Estava abraçado com uma amiga e ela perguntou se aquela menina era minha namorada", lembra. "Também já aconteceu de eu tirar nota ruim e minha mãe me tirar o computador por saber que era a internet que me atrapalhava", conta.

Além da mãe, Rian ainda teve que conviver com professores no Facebook, mas esta experiência não durou muito. Com medo de ser julgado pela quantidade de tempo que passa na internet, ele bloqueou o "mestre" e diz ter ficado mais aliviado. Já com a mãe, o medo é tanto que nem o bloqueio ele tentou. Segundo ele, o professor jamais o contestaria por isso, já sua mãe sim. "Não tem o que fazer, eu vou levando, o bom é que minha mãe não entra toda hora", conclui.

Com cerca de 800 milhões de usuários, o Facebook é uma das redes que mais possui pais conectados. Muitos deles são tão ativos quanto seus filhos, como é o caso de Sandra Aguiar, de 54 anos. Ela está sempre online compartilhando posts com amigos e familiares, incluindo seus dois filhos: Pedro e Nara Chavedar. Para Pedro, estudante de jornalismo de 23 anos, ter uma mãe conectada é bacana, no entanto, ele admite que, mesmo de forma inconsciente, acaba filtrando o que vai postar. "Tenho um filtro natural que independe da presença da minha mãe, mas existem coisas específicas que penso nela. É uma questão de respeito", diz.

O jovem comenta que o seu receio é pelo tom que as coisas ganham na internet. Na rede, uma frase pode ser interpretada de diversas formas e, dificilmente, é possível se explicar. "Não é preocupação, mas eu fico esperto, até porque tem muitos amigos que não sabem que minha mãe está noFacebook e podem postar coisas que ela não entenderia", ressalta. "Mas, acho que quem está na chuva é pra se molhar. Eu não bloquearia minha mãe ou criaria um grupo somente para a família, porque acho que isso foge do intuito do Facebook. Se você está se expondo, se exponha a todos e mantenha um filtro universal", explica.

O interessante é que, no caso de Pedro, quem faz o papel de pai é ele. O futuro jornalista diz que reprova um pouco a forma como a mãe utiliza o site, porque acredita que ela se expõe demais. Para ele, a ferramenta deve ser usada para trazer benefícios e não só como uma plataforma para as pessoas publicarem detalhes de suas vidas pessoais. "Acho que ela [a mãe] poderia usar a rede para divulgar mais a escola dela e conversar comigo e minha irmã, que moramos longe", finaliza.

Já Nara, de 21 anos, irmã de Pedro, não se importa com a forma que sua mãe utiliza o Facebook. Ela conta que se diverte com as coisas que sua mãe posta e acredita que o principal motivo de Sandra estar online é para acompanhar a vida dos filhos. Obviamente, nem tudo são flores. Ambas já tiveram problemas por causa da amizade virtual. Recentemente um comentário de Sandra em uma foto postada por uma amiga de Nara rendeu discussão na família. "Eu tenho uma relação muito boa com a minha mãe, por isso tive liberdade de pedir para que ela apagasse os comentários que fez na foto e no meu mural", comenta. "Eu não me podo em nada por ter minha mãe na rede, mas fico receosa com os posts de amigos e a interação entre eles e minha mãe", conclui.

A jovem Stela Alvarenga Lopes, de 21 anos, também tem uma ótima relação com os pais e, segundo ela, isso se reflete no mundo digital. Para ela, quanto mais próximos e íntimos dos pais, menos problemas e restrições os jovens terão. "Eu vejo a entrada dos pais noFacebook como algo positivo. Isso significa que eles não se fecharam para as novidades. Além disso, é um espaço para gerar diálogo entre as gerações", diz. O mesmo acontece com Pedro Bisordi Taraboulous, de 18 anos. A relação entre ele e sua mãe, Meire, é tão boa que ela chega a questioná-lo antes de publicar algo que possa envergonhá-lo. Em casa, ambos batem papo sobre as interações na rede e nunca tiveram problemas. ( VIA http://olhardigital.uol.com.br )

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